O corpo da coordenadora regional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) em Tucuruí, Dilma Ferreira da Silva (47), será velado neste sábado (23) na Barra do Corda, no Maranhão, cidade de origem da família da vítima. O enterro ainda não tem previsão de horário, mas deve ser realizado no domingo (24), em Monte Castelo (PA).
Ela foi encontrada morta, nesta sexta-feira (22), por volta da meia-noite, em uma casa no assentamento Renato Lima, na zona rural de Baião e a 60 km da cidade de Tucuruí. No local, também foram encontrados mortos o marido da coordenadora, Claudionor Amado da Silva (42); e Milton Lopes (38), que trabalhava para o casal.
O translado do corpo saiu de de Tucuruí ainda na sexta-feira, às 22h, após todo processo de liberação do Instituto Médico Legal
SINAIS DE TORTURA
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), após serem acionados, policiais civis da Seccional de Tucuruí chegaram ao local do crime e identificaram que as três vítimas apresentavam ferimentos à faca e sinais de tortura pelo corpo.
Ainda segundo a Segup, não é possível afirmar a motivação das execuções. A casa, onde também funcionava um mercadinho, estava toda revirada. Dilma foi encontrada morta na cama, enquanto as outras duas vítimas estavam caídas na entrada do imóvel.
As investigações seguirão pela Superintendência de Tucuruí, com auxilio ao Núcleo de Apoio à Investigação. Ainda não há informações sobre velório e enterro das outras duas vítimas.
NOTA DA SDDH
A Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) divulgou uma nota repudiando os assassinatos. "Mais um triste episódio de assassinato de defensores de direitos humanos no estado do Pará, que demonstra a situação de insegurança de lideranças e militantes dos movimentos sociais do campo em nossa região", informou.
A SDDH também destacou que a Amazônia tem sido palco recorrente de conflitos socioambientais, geralmente marcados pela criminalização ou morte de trabalhadores, e omissão dos órgãos competentes na solução destes conflitos.
"Há cerca de 30 anos, as famílias atingidas pela Hidrelétrica de Tucuruí lutam pela garantia de seus direitos, mas o Estado, ao invés de garantir o direito dos atingidos e assisti-los, o que faz é criminalizá-los e deixá-los à mercê de ações criminosas. Atualmente há dois processos judiciais tentando criminalizar a luta dos atingidos por barragens em Tucuruí", acrescentou a nota.
"A SDDH vai exigir do Secretário de Segurança Pública do Estado, do Delegado-Geral da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado uma pronta resposta, com uma rigorosa investigação sobre o caso, para que haja a devida responsabilização", detalhou a nota.
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