quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Mergulhadores retiram do fundo do rio partes dos escombros da ponte rio Moju


Cerca de 20% dos escombros da antiga estrutura são removidos a cada 24 horas
Ao mesmo tempo em que o mastro central da ponte rio Moju, que está sendo parcialmente reconstruída, atinge cerca de 30 metros de altura, no fundo do rio, mergulhadores ainda trabalham 24 horas por dia na retirada de cerca de 20% dos escombros da estrutura.
O trabalho de remoção é um dos maiores desafio da engenharia na reconstrução do vão central da ponte, que terá cerca de 270 metros de extensão. A dificuldade é gerada pela forma como os destroços do tabuleiro e pilares da antiga estrutura ficaram assentados no fundo do rio, justamente no entorno da construção do novo pilar. A ponte desabou durante a madrugada, após ser atingida por uma embarcação clandestina, em 6 de abril deste ano.
As três mil toneladas dos 270 metros de estruturas, um empurrador e uma balsa estão sendo retirados por etapas. Em meados de maio, foram removidas a embarcação e parte da pista de rolamento que caiu por cima da balsa, que estava obstruindo a área de cravação das estacas do novo pilar central. A operação é delicada em virtude da forte correnteza nessa área, que está nas proximidades do encontro dos rios Moju e Acará, alcançando cerca de 5 a 8 nós (equivalente a 20 km/h), aliada à baixa visibilidade no fundo do rio.
Segundo o supervisor da equipe de mergulho, Felipe Vitor dos Santos, a retirada dos escombros é uma atividade extremamente complexa, cercada de cuidados e que exige um aparato tecnológico de alta precisão, além de conhecimento do regime de marés. “Inicialmente, o trabalho ocorria apenas nas ‘janelas’, durante quatro paradas de maré por dia. Agora, utilizamos a estrutura de aço da ponte no fundo do rio (caixão) como proteção nos horários de maré corrente, para fazer os cortes de desmantelamento da estrutura e a preparação para o içamento”, detalhou.
O corte das peças é feito com um alicate “tesoura” ou com eletrodo de corte submerso. Primeiro é cortada a viga caixão de aço, depois é feito o corte das lajes com fio diamantando. Cada pedaço retirado tem entre 50 e 60 toneladas. As partes desmanteladas são levadas para margem do rio para serem fragmentadas e estocadas. Já no caso das estacas, que é totalmente livre (sem proteção do caixão), o trabalho só ocorre durante as ‘janelas’ da maré. A equipe que atua na remoção dos escombros é composta de 10 mergulhares, que também trabalha no período noturno.
“É preciso muita perícia para posicionar a embarcação no lugar certo e manter o mergulhador com segurança no fundo do rio. Toda essa operação se realiza com auxilio de GPS e muita atenção para não ultrapassar as áreas delimitadas, que representam risco para a equipe”, detalhou o comandante da embarcação que dá apoio para as equipes de mergulho, Mizael Cunha.
Trabalho Delicado - O projeto de retirada dos escombros requer operações minuciosas e planejadas de modo contínuo, que passam por sucessivas revisões diante das diferentes configurações identificadas após cada etapa realizada. Como a estrutura não está completamente repousada no leito do rio, ao final de cada remoção, sua configuração é alterada. Portanto, as operações são elaboradas com mapa de risco, mitigando esses possíveis estados de comportamento, para que as atividades garantam também a segurança estrutural das partes remanescentes da estrutura da ponte na sua configuração original.
Atividade requer perícia para posicionar a embarcação no lugar certo e manter o mergulhador com segurança no fundo do rioFoto: Jader Paes / Ag.Pará
No mapa de risco, se considera o desmantelamento, e as operações de construção e de travessia, que, conjuntamente, se realizam em simultaneidade. Todas essas atividades precisam ser encaminhadas até o final de novembro próximo. Segundo o titular da Secretaria de Estado de Transportes (Setran), Pádua Andrade, a retirada completa das ruínas submersas de parte da ponte destruída deve ser concluída antes da entrega da ponte, em novembro deste ano.

“A operação foi um ponto nevrálgico, pois a obra da ponte só foi iniciada após a limpeza da área de construção do vão central, que demorou um pouco mais do que havíamos previsto, no entanto, os trabalhos continuam sem prejuízo para a reconstrução do trecho da estrutura”, disse Pádua.
As partes de concreto armado do desmoronamento da ponte rio Moju serão cortados (desmantelados) em pedaços menores e serão reaproveitados no aterramento de vicinais dos municípios do entorno da ponte, Acará e Moju.

Agência Pará

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