Um dos setores que conseguiu manter a oferta de vagas foi o de comércio varejista. O setor encerrou 2018 com um saldo de 62 mil vagas ofertadas com carteira assinada, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Mas é preciso estar preparado para conseguir conquistar as vagas geradas pelo setor.
A psicóloga Michelle Prazeres atua na seleção de profissionais na rede de supermercados Formosa, que possui quatro lojas, cada uma com cerca de 900 funcionários, com perspectiva de crescimento. “Constantemente fazemos seleções. Recebemos uma média de 50 currículos por dia pelo nosso setor de RH. E todos eles passam por uma análise”, ressalta. A psicóloga aponta alguns erros comumente encontrados nos currículos recebidos. “Alguns chegam sem o contato.
Em outros casos, o candidato não deixa claro a área em que gostaria de atuar. Outros chegam com informações incorretas”, conta. Outro problema comum, de acordo com a psicóloga, se refere a inverdades colocadas no currículo. “A maioria diz ter o nível médio completo, mas quando vamos verificar isso não se confirma e a alegação é sempre a mesma: erro de digitação. Esse tipo de comportamento acaba desqualificando o profissional para a vaga de trabalho”.
Ela ressalta que o perfil profissional buscado no mercado pelo setor é bem específico. “Ele deve ser focado, saber exatamente no que deseja trabalhar. Aquele que diz estar em busca de ‘qualquer coisa’ dificilmente terá uma oportunidade. Mesmo quem nunca trabalhou na área de supermercado deve se mostrar interessado em aprender, deve visitar a empresa, conhecer as funções disponíveis e ver em qual delas se encaixa. Deve ser interessado e procurar investir em sua qualificação”.
Além das qualificações técnicas, a relação interpessoal tem um papel fundamental para quem quer conseguir um emprego. “Uma das fases de seleção é feita em grupo, onde participam de uma dinâmica. Nesse momento, já percebemos a interação deles. Aquele que tem a iniciativa de ajudar o outro e não está preocupado apenas em terminar a atividade dele. Tudo isso é observado e avaliado”.
A psicóloga chama atenção para outro fator. “Ter cuidado com a forma como se apresenta, evitar, por exemplo, roupas curtas e decotadas porque isso não é adequado a ocasião”, completa. Mesmo após conquistar a vaga, a psicóloga afirma ser importante se empenhar para mantê-la. “É fundamental não deixar de investir em si mesmo, na sua qualificação”, aconselha.
É preciso aliar técnica com competências pessoais
A psicóloga Simone Salame, do Grupo RR Pneus, especialista em psicologia organizacional, explica que é preciso aliar, cada vez mais, a técnica às competências pessoais. “O perfil buscado é aquele que agrega tanto a parte de experiência quanto a parte comportamental. Costumo dizer que isso se explica bem por uma famosa frase do Walt Disney que diz ‘contrate o sorriso e treine a técnica’. Então o profissional tem que ter ânimo, entusiasmo, educação, compostura, interesse genuíno e um nível de comunicação compatível com a vaga buscada”.
Ela destaca que os itens que costumam reprovar o candidato na busca por uma vaga estão relacionados mais às questões comportamentais do que à falta de qualificação. “A ausência de simpatia no momento do acesso, a descompostura, falta de educação – aquele candidato que durante a entrevista fica conferindo o celular. Tudo isso pode reprovar. É preciso ter sensatez, bom senso, não dá para ficar desatento, disperso, dar respostas evasivas ou mostrar incoerência entre o discurso e o que consta no currículo. Essas incongruências, essas incoerências entre o que se fala e o que está escrito descarta o candidato porque ele já perde a credibilidade”, enumera.
Simone avalia que a grande dificuldade enfrentada pelo mercado hoje para ocupar as vagas disponíveis refere-se a conseguir aliar a expertise técnica ao potencial comportamental, que é o que hoje a maioria das empresas busca. “Recebemos currículos de pessoas com experiência na área. Mas precisamos que elas tenham também competência interpessoal, sejam articuladas, saibam trabalhar em equipe, seja um profissional que não pessoalize as questões, mas que profissionalize”.
ATUAÇÃO
Para ela, é preciso ainda superar ideias ultrapassadas e errôneas sobre a melhor maneira de atuar no mercado de trabalho. “Nos deparamos, muitas vezes, com aquela questão retrograda de que liderar é comandar, liderar é impor e não é nada disso. Queremos a liderança participativa, para que todo mundo se desenvolva. O verdadeiro líder tem que querer desenvolver o potencial dos seus parceiros”, explica.
(Diário do Pará)
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